segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

PRIMEIRA ETAPA - PLANEJAMENTO E ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO



As atividades desta etapa consistem na discussão das características regionais do local do Plano de Emergência, visando o entendimento comum da equipe técnica sobre os objetivos gerais do trabalho e os objetivos específicos de cada etapa de trabalho. Nela, busca-se o conhecimento das características do local para criação do plano, a definição de atribuições e responsabilidades da equipe técnica envolvida e a adequação e o detalhamento do cronograma do trabalho.

De modo a orientar as discussões visando o planejamento e a estruturação do trabalho, faz-se pesquisa dos recursos e das características básicas da região e um exercício de identificação das principais questões a serem levadas em consideração na estratégia. Realiza-se uma identificação, teórica e preliminar, dos potenciais impactos ambientais.

Tendo em vista a complexidade e a multiplicidade de elementos a serem observados para a cobertura dos diversos temas socioambientais, este estudo possui na multidisciplinaridade um importante princípio. Para obter melhores resultados na interação interdisciplinar serão realizadas consultas a diversas fontes de pesquisa, analisando de preferência estudos e monografias já realizadas a respeito do local, a fim de melhor definir os objetivos específicos do estudo, as estratégias e o detalhamento do Plano de Emergência a ser criado.




O período de realização das atividades desta etapa deve ser executado nos primeiros dias de vigência do projeto, se dividindo em 4 fases especificas:  Montagem e mobilização da equipe; Estudo do caso; Detalhamento metodológico e Mapeamento da área envolvida.

Montagem e Mobilização da Equipe Técnica

Os planejamentos dos trabalhos para a elaboração das estratégias indicam a necessidade de se contar, na montagem da equipe técnica, com os seguintes graus de responsabilidade:

I. Supervisão do projeto - responsável pelo conjunto de atividades técnicas e administrativas do trabalho.

II. Assistência do Projeto - responsável pelo acompanhamento e providências relacionados aos aspectos técnicos dos serviços.

III. Consultoria - responsável pelo apoio técnico ao projeto.

IV. Logística - responsável pelo apoio logístico ao projeto.

V. SMS - responsável pelo apoio nas questões de segurança, meio ambiente e saúde.

VI. Equipe de Campo - responsável por todas as informações de campo, suporte e acompanhamento dos levantamentos a serem realizados.

Entre as atividades técnicas a serem divididas entre as equipes consta:

a) Atividades de Elaboração dos Estudos, pesquisa de dados em publicações, na Internet e nos materiais técnicos disponíveis.

b) Atividades de Mapeamento e GIS, levantamento de coordenadas e dados para confecção de mapas e croquis que irão compor o Plano de Emergência.

c) Atividades de Apoio Técnico, ajustes das informações, geração de dados específicos e composição do documento final do Plano de Emergência conforme a CONAMA 398.

Cabe ressaltar que os técnicos que assumem responsabilidades específicas, em sua maioria, acumulam funções, além de exercerem atividades técnicas na realização dos estudos.

O ideal é obter um grupo coeso, com um cronograma que garanta pleno controle de todas as atividades a serem desenvolvidas, capaz de manter uma dinâmica sistemática de reuniões de trabalho. No decorrer das atividades, outros técnicos especialistas podem ser mobilizados a prestar consultoria às atividades do grupo, sempre que necessário.

Estudo do Caso

Conforme os dados disponíveis da região em estudo, com as informações constantes nas hipóteses de risco de incidente, serão realizados os estudos do caso para avaliação inicial do plano.

Os dados gerados pelo estudo do caso nortearão as pesquisas iniciais e vão gerar subsídios para o planejamento do levantamento de campo na região.

Algumas análises devem ser realizadas para garantir êxito neste processo:

Análise da Construção: avaliação dos principais termos e variáveis do local sob risco para que se saiba exatamente o que se quer pesquisar. Este passo é composto da avaliação da região indicada e dos produtos ou situações envolvidas nos riscos. 

Análise da Evolução: avaliação do relacionamento causal que explique as conseqüências esperadas no comportamento do hipotético risco com a sensibilidade e a vulnerabilidade esperada no local. Análise das fontes do problema (causas) refletindo nas situações conseqüentes (efeitos). Testando a coerência entre as proposições iniciais, desenvolvimento e resultados encontrados.

Análise da Abrangência: avaliação da região sobre a qual as conseqüências podem ser relacionadas. Testando a coerência entre os achados do estudo na região do plano, vendo a possibilidade dos resultados serem também aplicáveis aos arredores expostos. 

Análise da Confiabilidade: avaliação do estudo realizado, vendo outras possibilidades e verificando se obtém resultados assemelhados. A Minuta do Estudo do Caso do Plano de Emergência e a base de dados do estudo são fundamentais para verificação da confiabilidade. 

1. Preparação

Para realizar o Estudo do Caso eficaz serão formuladas boas questões com interpretação das respostas. É necessário ser adaptativo e flexível sem perder o rigor – não ter receio, se necessário, escolher outros aspectos, coletar outras informações, ou decidir refazer o “design”. Adquirir grande conhecimento sobre o local onde o cenário foi proposto é vital neste processo. Os dados coletados serão sempre bem documentados.

A Minuta do Estudo do Caso é a versão inicial do Plano de Emergência, contendo as informações iniciais da pesquisa. A função da minuta é gerar um documento inicial de trabalho servindo como guia ao longo das atividades do estudo.

Como os dados são coletados sob condições não controladas, isto é: em contexto real, adapta-se o plano de coleta de dados às informações das pesquisas realizadas. Em outras palavras, as informações serão introduzidas ao plano em estudo, e não ao contrário, como ocorre com estratégias de pesquisa em condições controladas. 

2. Fontes de Pesquisas

Documentos: a pesquisa documental pela Internet constará no plano de coleta de dados. Cartas náuticas, monografias, comunicados, agendas, planos, pesquisas, relatórios, estudos, jornais etc. O material coletado e analisado é utilizado para complementar pesquisa de outras fontes e/ou acrescentar informações. Por isso, é importantíssimo tentar extrair das situações as razões pelas quais os documentos foram criados. Os documentos podem fornecer “pistas” sobre outros elementos.

Registros de Incidentes ou treinamentos anteriores são outra fonte de pesquisas. Os documentos gerados de treinamentos e experiências anteriores constituem uma excelente fonte de pesquisa de um Estudo do Caso. Trata-se de relato dos incidentes, treinamentos ou simulados realizados na área e, portanto, retratam as características estratégicas do local. Quando possível, deve-se analisar relatórios e imagens destes eventos.

3. Princípios para Pesquisa: 

Usar múltiplas fontes de pesquisa: Permite o desenvolvimento da avaliação em várias frentes – analisar vários aspectos em relação ao mesmo fenômeno. As conclusões e descobertas ficam mais consistentes e apuradas já que advém de um conjunto de informações. 

Desenvolver, ao longo do estudo, um banco de dados: Embora em pesquisas a separação entre a base de dados e o relato não seja facilmente encontrada, essa separação acontecerá para garantir a confiabilidade, uma vez que os dados encontrados ao longo da pesquisa estejam armazenados, possibilitando a análise por outros técnicos. Os registros se darão através de arquivamento dos arquivos utilizados, alimentação dos bancos de dados existentes, detalhamento da memória de cálculo e o lançamento dos dados na base do plano. 

Formar uma seqüência de pesquisas: Consiste em configurar o Estudo do Caso de tal modo que se consiga a cada nova informação adquirida levar ao próximo questionamento que servirá como base para novas pesquisas. Assegura-se que cada nova pesquisa apresentada seja devidamente catalogada para a bibliografia do Plano de Emergência.

Análise das pesquisas: É o menos desenvolvido e mais difícil aspecto da condução de um Estudo do Caso. O sucesso depende muito da experiência, perseverança e do raciocínio crítico do técnico para construir descrições, interpretações que possibilitem a extração cuidadosa das conclusões. Um tratamento – organização e tabulação dos dados ajudarão na análise. O mais importante nesta fase é ter definida uma estratégia analítica geral já que isso significa tratar imparcialmente o material das pesquisas encontradas e extrair conclusões analíticas, apresentando interpretações e descrições alternativas. O papel da estratégia geral é ajudar o técnico a escolher entre diferentes técnicas de combate a serem implementadas por ocasião do plano em estudo. Há duas maneiras de se formatar a estratégia geral: basear-se nas proposições teóricas – referencial teórico – ou desenvolver uma criativa descrição do caso.

Detalhamento Metodológico

Esta fase envolve a avaliação de todos os detalhes do processo, visando estabelecer um planejamento das atividades a serem realizadas. A discussão se inicia pelo esclarecimento dos objetivos finais do trabalho e de cada uma das macroatividades da estratégia de resposta, “voltando do final para o começo”, de modo a esclarecer os objetivos e as necessidades de cada etapa do trabalho, assim como de seu encadeamento.

Para o detalhamento metodológico, elabora-se uma matriz, teórica e preliminar, de todos os potenciais impactos ambientais do Plano de Emergência proposto, de modo a permitir a identificação de quais os temas de maior relevância para os estudos a serem desenvolvidos, as necessidades de informações, a disponibilidade de dados, as necessidades de levantamentos de informação em campo, etc.

Para realização deste trabalho utiliza-se a tecnologia GIS para análise espacial dos elementos disponíveis para elaboração de táticas de atuação. Neste processo realizam-se as seguintes atividades:

a) Seleção de material bibliográfico de cartográfico pré-existente;
b) Obtenção de imagens do Google Earth, Google Maps, Yahoo Maps, etc;
c) Obtenção de imagens CBERS e cartas náuticas digitalizadas;
d) Composição de imagens;
e) Processamento digital das imagens;
f) Digitalização de mapas temáticos;
g) Etapas de campo para a confirmação e integração dos dados obtidos nas pesquisas;
h) Organização e composição das informações;
i) Confecção do Plano de Emergência.

As etapas de processamento digital e digitalização das imagens são realizadas por softwares similares ao ArcMap (ESRI GIS and Mapping Software).

1. Seleção do Material Bibliográfico e Cartográfico

A seleção do material bibliográfico será realizada como forma a subsidiar o texto, como referência à parte conceitual do contexto geoambiental, onde se insere no Plano em estudo. Neste levantamento realizado em pesquisas diversas busca-se material relacionado aos aspectos sócio-econômicos, subsidiando a aquisição de dados sobre estes tópicos.

Na internet há um rico material a respeito, sobre as mais diversas regiões do Brasil, sejam levantamentos técnicos realizados pelo governo e por empresas, ou monografias desenvolvidas em teses de mestrados, doutorados ou mesmo graduação sobre os mais variados temas.

As bases de dados do IBGE, MMA, INPE, IBAMA, GOOGLE e das empresas no entorno podem ser consultadas para fins de enriquecimento do conteúdo do trabalho.

A seleção do material cartográfico referente às áreas de estudo será organizada com o objetivo de obter informações sobre a fisiografia e também para as questões de grandezas escalares. Dentre os mapas que podem ser utilizados citamos os seguintes:

a) Cartas Náuticas;
b) Mapas de sensibilidade;
c) Mapas de vulnerabilidade;
d) Mapas das bacias hidrográficas;
e) Mapas políticos da região de estudo.

Para maior riqueza de detalhes convém solicitar a acesso aos Planos de Contingência disponíveis na região.

Nas áreas passíveis de serem atingidas pelo Plano de Emergência será avaliada, conforme o caso, a possibilidade de atingir:

a) Pontos de captação de água;
b) Áreas residenciais, de recreação e outras concentrações humanas;
c) Áreas ecologicamente sensíveis tais como manguezais, bancos de corais, áreas inundáveis, estuários, locais de desova, nidificação, reprodução, alimentação de espécies silvestres locais e migratórias, etc;
d) Fauna e flora locais;
e) Áreas de importância socioeconômica;
f) Rotas de transporte aquaviário, rodoviário e ferroviário;
g) Unidades de conservação, terras indígenas, sítios arqueológicos, áreas tombadas e comunidades tradicionais.

Pela extensão do tema, na próxima semana iremos falar ainda sobre a primeira etapa, comentando sobre o mapeamento que dá continuidade a este tema.

Na próxima segunda-feira finalizaremos a primeira etapa. 

Saudações estratégicas.
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Cesar Costa
Especialista em Estratégia de Resposta
Email: cesarcosta.job@gmail.com

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